Rudolf Hess era amigo íntimo de Adolf Hitler e fez uma loucura em plena 2ª Guerra Mundial. Ele era o vice-presidente do partido nazista e dividiu a cela com Hitler na prisão de Landsberg por um ano, tornando-se não só um confidente, mas o homem de confiança do Führer.
No início de 1941, Hess ficou assustado ao saber de um plano que Hitler havia construído sem o seu conhecimento. Talvez o motivo do segredo fosse o de que Hitler antevira que o seu principal conselheiro não aprovaria o que planejava.
O propósito do líder alemão era abrir uma segunda frente na guerra contra a União Soviética, no Leste, enquanto travava sua luta contra a Inglaterra, no Oeste. Hess, obviamente, concluiu que seria a derrocada alemã.
Para ele, colocar o exército em um segundo confronto seria insustentável e apelou ao seu líder que reconsiderasse.
Adolf Hitler não se curvou e levou Hess a tomar uma decisão drástica: voar até a Inglaterra para se reunir com Winston Churchill e selar um acordo de paz. Pensava Hess que, se tivesse êxito nessa investida, salvaria a Alemanha da derrota.
No dia 10 de maio de 1941, portanto, quatro meses depois de ter ciência do plano de Hitler, Hess, em absoluto segredo, voou para a Inglaterra no seu próprio avião e pousou na propriedade do Duque de Hamilton, um aristocrata rico e influente no governo britânico.
Contudo, antes de voar à Inglaterra, Hess deixara uma carta que detalhava seu intento: conversar com os altos funcionários ingleses e fechar um acordo de paz em bons termos para Hitler e para a própria Alemanha.
Hitler, ao ler a carta, enlouqueceu. Mandou prender todos os assessores de Hess e ligou para o aliado Benito Mussolini com a intenção de dizer que não havia autorizado o que, para ele, era um ato de covardia ou, pior, um movimento que pudesse demonstrar o enfraquecimento do exército alemão.
Porém, o estrago estava feito. Hess, ainda na propriedade do aristocrata inglês, foi exaustivamente explorado pelo próprio Hamilton e pelo consultor em assuntos internacionais Ivone Kirkpatrick. Não era razoável entender como um ato de boa vontade um alemão cruzar os céus da Europa em plena Segunda Guerra Mundial. Para os britânicos, era tão somente alguém desesperado.
Foram dias de interrogatório, durante os quais Hamilton e Kirkpatrick tentaram tirar o máximo de informações a respeito dos planos de Hitler. Em determinado momento, Hess percebeu que sua intenção em selar um acordo de paz não avançaria e, então, foi enviado para Mytchett Place, no condado de Surrey, uma mansão fortificada, onde permaneceu preso nos 30 meses seguintes.
A Alemanha, como sabemos, sucumbiu. Hess, afinal, tinha razão. A guerra acabou e o ex-amigo de Hitler foi um dos julgados no Tribunal de Nuremberg, sendo condenado à prisão perpétua. Sua vida foi poupada justamente pela sua arriscada tentativa de fechar a paz em nome da Alemanha.
Não estamos em guerra, mas vivemos um dilema comercial com os Estados Unidos e, se Lula incorporar Rudolf Hess e alçar voo para ir conversar com Donald Trump, será tratado como foi o alemão naquela época: um líder desesperado.
O país, definitivamente, não irá sucumbir com as tarifas excessivas dos americanos. Lula, lógico, precisa descer do palanque e negociar, mas não como fez Hess.
Se for para incorporar alguém, que seja Churchill.
Licença
Por favor, se leram o texto até o fim entendam que pedir para que Lula incorpore Churchill não passa de uma licença poética. Obviamente, Lula não teria essa capacidade.
Mas tal licença é necessária para ilustrar que não estamos lidando com algo racional, em que a diplomacia ou um telefonema resolveria a situação.
Licença II
Veja o exemplo da irracionalidade e da ineficiência de uma visita a Trump: a Índia fez tudo como querem que, agora, o Brasil faça.
Mandou autoridades do alto escalão a Washington antes de as primeiras tarifas serem anunciadas e manteve o seu primeiro-ministro, Narendra Modi, sempre em contato com Donald Trump. Chegaram a anunciar, juntos, um acordo entre os países no valor de US$ 500 bilhões de dólares.
O fim da história? Trump anunciou uma tarifa de 25% à Índia a partir do dia 1º de agosto, afirmando que os indianos “sempre compraram a maioria de seus equipamentos militares da Rússia e são os maiores compradores de energia”.
Definitivamente, não há diplomacia ou telefonema que resolva quando, no outro lado da mesa, quem está sentado é Donald Trump.
Pueril
Ouvi na imprensa que quem trabalhou pelas isenções de alguns produtos brasileiros no tarifaço proposto por Donald Trump teria sido Eduardo Bolsonaro.
Basta ler alguns artigos para perceber que setores americanos que seriam prejudicados trabalharam arduamente para suavizar o tarifaço. E mais: esse trabalho vem sendo liderado por Geraldo Alckmin desde maio, quando iniciou uma série de reuniões com empresários brasileiros e norte-americanos.
Quem coloca na conta do Eduardo já nem mais de ingênuo pode ser chamado.
Canto da beleza
Ela sempre foi uma mulher linda e, a cada dia que passa, a beleza vai se transformando em algo ainda mais interessante. Junto dos traços perfeitos, agora temos a maturidade, o charme, o olhar mais calmo, o coração mais leve...
Anete Agostinelli não anda... ela desfila.