Em Gravatal, propriedades rurais abrem portas para visitantes e turistas
Em Gravatal, uma ampliação nas formas de lazer tem se fortalecido através do turismo comunitário e sustentável. Trata-se do Turismo de Base Comunitária.
Ieda Felipe dos Santos, 69 anos, professora aposentada e apaixonada pela natureza e pela vida no campo, é uma das anfitriãs dessa novidade. Em seu sítio, ela organiza uma nova forma de curtir a “vida no campo” através do café rural, realizado mensalmente e que oferece aos visitantes produtos orgânicos e vivências em meio à natureza.
Localizado na comunidade do Indaial, a cerca de 13 km do Centro de Gravatal, o sítio de Ieda é um espaço de planícies verdes cercadas por montanhas e Mata Atlântica. A propriedade tem cultivos organizados, trilhas ecológicas e uma agrofloresta com abelhas nativas, essenciais para o equilíbrio ambiental.
Homenagem
O sítio, que recebeu o nome da avó paterna da proprietária, Florença, nasceu voltado à produção de frutas e hortaliças orgânicas. Após uma pausa na produção, Ieda decidiu transformar o local em um espaço de turismo de base comunitária, integrando educação ambiental, gastronomia e hospedagem.
Hoje, o Florença emprega moradores da própria comunidade e oferece experiências que conectam visitantes ao cotidiano do campo. “Nosso objetivo é que as pessoas vivam o ritmo da natureza e entendam a importância de consumir de quem planta com respeito à terra”, explica Ieda.
Café de montanha oferece nova experiência
Outra opção que vem sendo desenvolvida, a poucos quilômetros dali, na comunidade de São Miguel, é o Sítio Orenda.
Localizado na Montanha São Miguel, o espaço oferece uma experiência singular: o café de montanha orgânico, produzido e vendido diretamente ao consumidor.
A propriedade pertence à empreendedora Jacqueline Vieira da Silva e ao seu esposo Douglas Cachoeira. Há cinco anos, ela trocou a carreira na indústria e a rotina urbana pela vida rural. De um terreno de “pedra e mato”, ela criou um sítio produtivo, no qual cultiva alimentos orgânicos, hortifruti, além de 470 pés de café. A altitude e o microclima da montanha, com umidade equilibrada, temperatura amena e solo fértil, tornam o café local especialmente aromático.
O cultivo pode ser visitado após uma curta trilha entre árvores nativas, que se abre para uma área ensolarada com vista panorâmica da cidade e da Gruta Nossa Senhora da Saúde, um dos destinos turísticos mais procurados de Gravatal.
Jacqueline também comercializa seus produtos em feiras e eventos locais e prepara o sítio para receber hospedagem e vivências educativas.
O local foi visitado por pesquisadores da Epagri, que estudam o potencial do café de montanha como diferencial produtivo e turístico da região. “Queremos que o café se torne uma marca da nossa comunidade, algo que gere renda e orgulho para quem vive aqui”, afirma Jacqueline.
Além disso, o Sítio Orenda participa e promove encontros que fortalecem o turismo de base comunitária, como as reuniões com a associação de moradores e o encontro semanal do Grupo de Mulheres da Montanha São Miguel.
Unidos pela colaboração e pelo artesanato, elas transformam retalhos em patchwork — e, assim como nas peças que criam, tecem também novas conexões e um sentido coletivo de pertencimento.
Conexão e protagonismo
O Sítio Florença é uma das duas propriedades selecionadas em Gravatal para participar do projeto Bem Cultivar, desenvolvido pela Cresol Encostas da Serra Geral, através de um convênio com o Sebrae Nacional, e o Instituto Ceades, com apoio da Prefeitura Municipal de Gravatal, por meio da Secretaria de Turismo e Cultura.
A iniciativa fortalece a conexão entre agricultura sustentável, turismo e economia local.
O projeto incentiva os agricultores a diversificar suas culturas, aprimorar a qualidade dos produtos e oferecer novas experiências aos visitantes, seguindo a metodologia Gescoop, que promove cooperação, gestão sustentável e inovação agrícola.
Para a secretária de Turismo e Cultura de Gravatal, Manuela da Rosa Gomes, o projeto representa um avanço para o município. “Os sítios têm o nosso apoio institucional. Somos parceiros para o que precisarem, pois estamos construindo um modelo de turismo que valoriza quem vive no campo, estimula o desenvolvimento sustentável e fortalece nossa identidade cultural”, destaca.
De acordo com o engenheiro agrônomo Luciano Melo Philippi, assessor técnico do projeto, o foco é o turismo de base comunitária, valorizando as pessoas, os saberes locais e o protagonismo dos agricultores.