08 DE JANEIRO DE 2025
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Tubarão teve um desaparecido político

Divo Fernandes D’Oliveira, de Tubarão, foi preso político e desapareceu na ditadura. |

07/01/2025 06:00|Por Redação

O assunto de ontem em todas as redes sociais girou em torno da premiação da atriz Fernanda Torres por sua atuação no filme “Ainda Estou Aqui”, que conta a história de Eunice Paiva, que lutou por 40 anos procurando a verdade sobre Rubens Paiva, seu marido, desaparecido durante a ditadura militar no Brasil.

Em meio ao assunto da premiação, o tema volta à tona ainda mais forte, e das muitas pessoas que tiveram o mesmo destino de Rubens Paiva na época, o DS lembra que Tubarão também teve um desaparecido político: o tubaronense Divo Fernandes D’Oliveira teria sido morto por agentes do Estado brasileiro em circunstâncias que, até hoje, não foram esclarecidas.

O antigo militante do PCB e taifeiro da Marinha tinha 69 anos quando juntou-se às milhares de pessoas que participaram do comício da Central do Brasil, no qual o então presidente da República, João Goulart, defendeu com veemência as reformas de base. Com o advento do golpe de 1º de abril de 1964 e a consequente radicalização das tensões políticas, Divo passou a enfrentar uma série de dificuldades. Pouco tempo depois, foi preso no Rio de Janeiro e enviado ao presídio Lemos Brito.

Procura eterna   

A esposa de Divo, Nayde Medeiros, deslocou-se para o Rio de Janeiro, para visitar o marido, em meados de 1964. De volta a Criciúma, onde morava, dona Nayde, que era professora do grupo escolar Coelho Neto, enfrentou dificuldades econômicas, as quais a impossibilitaram de voltar ao Rio no mesmo ano. 

O retorno só foi possível no ano seguinte; entretanto, ao chegar ao presídio, recebeu a informação de que Divo havia desaparecido da prisão. Inconformada com a situação, assim como Eunice Paiva, ela iniciou verdadeira peregrinação pelos presídios, hospitais e cemitérios do Rio de Janeiro. Mas, ao contrário de Eunice, até a data de sua morte, em 1975, Nayde nunca recebeu nenhuma explicação para o desaparecimento de seu marido.

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Filha também procurou

“A filha de Divo, Alba Valéria, começou a procurar o pai depois de adulta. Em 1989, esteve no Rio de Janeiro visitando várias repartições públicas e presídios. Uma funcionária do Departamento do Sistema Penitenciário (Desip) localizou uma pasta, número 21.426, onde havia o nome de Divo Fernandes D’Oliveira. Nela, Alba encontrou alguns documentos pessoais e nada mais”, diz relatório da Comissão Nacional da Verdade. Não foi possível elucidar como se deu o desaparecimento de Divo, a partir do presídio Lemos Brito, entre o final de 1964 e o início de 1965. 

Semelhança com filme

Em “Ainda Estou Aqui”, a atriz Fernanda Torres revive a história real de Eunice Paiva, advogada e mãe do escritor Marcelo Rubens Paiva. Eunice passou 40 anos procurando a verdade sobre Rubens, seu marido desaparecido durante a ditadura militar.

Forçada a abandonar sua rotina de dona de casa, Eunice se transforma em uma ativista dos direitos humanos, lutando pela verdade sobre o paradeiro de seu marido e enfrentando as consequências brutais da repressão. O filme explora não apenas o drama pessoal de Eunice, mas também o impacto do regime militar na vida de milhares de famílias, destacando o papel das mulheres na resistência.

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