Riscos e ações de prevenções que não saem do papel voltaram ao debate em seminário
Dia 24 de março de 1974. Um domingo. Quando muitos acreditavam que o pior das fortes chuvas que castigavam a região há dias já havia passado, uma enxurrada devastadora varreu Tubarão, desalojando 60 mil pessoas e ceifando a vida de 199 tubaronenses. Para relembrar essa data trágica e, principalmente, discutir e propor medidas preventivas, foi realizado ontem, na data em que completou 51 anos da tragédia, o 16º Seminário da Enchente de 74, com o tema deste ano: “Memória, Prevenção e Reações Eficientes”.
O evento, realizado na sede da Amurel, teve início com a rodada de discursos. O primeiro a se manifestar foi o vereador Maurício da Silva, coordenador do seminário, que relembrou a tragédia da enchente de 74 e alertou sobre a importância da redragagem do Rio Tubarão como a principal medida de prevenção contra novos desastres semelhantes. Segundo Maurício, a cidade vive na iminência de uma nova tragédia. “Temos duas condicionantes principais: o nosso rio está completamente assoreado, não tem mais a mesma vazão de anos atrás. Além disso, sofremos com condições climáticas extremas e cada vez mais frequentes. E esta combinação só pode acarretar em uma nova enchente. É uma corrida contra o tempo”, alerta.
O vereador lamenta a demora na atualização do projeto para a redragagem. “Tínhamos esperança que receberíamos boas notícias do governo do Estado neste seminário. Mas não foi dada nenhuma previsão para este projeto e a única boa nova que recebemos foi de que, assim que os trabalhos com uma draga forem concluídos em Rio do Sul, o equipamento será enviado para Tubarão”, pontua.
Urgência
Para Maurício, qualquer ação é bem-vinda, mas são necessários e urgentes trabalhos mais efetivos. “Claro que agradecemos muito tudo o que o governo do Estado puder fazer para nos ajudar, inclusive com o envio desta draga. Mas ela é apenas um paliativo, precisamos da redragagem urgente”, reforça.
Ele ainda acrescenta que a corrida contra o tempo é tão urgente porque, assim que a atualização do projeto for concluída, ainda será necessário todo o trabalho de licitação e demais burocracias até o início da obra. “Quanto tempo isso tudo vai levar? Estamos contando com a sorte e a boa vontade de São Pedro”, lamenta.
O presidente do Comitê da Bacia do Rio Tubarão e Complexo Lagunar, Woimer José Back, destacou no seminário sobre o que os municípios podem fazer para reduzir os efeitos das cheias e pela qualidade das águas. Ele disse que se cada município da região realizar obras, poderá minimizar a possibilidade de uma nova enchente.
O prefeito Estêner Soratto também falou, destacando a relevância da atualização do Plano de Contingência e a implementação de medidas paliativas e preventivas, como a previsão da chegada à cidade da draga que atualmente opera no Rio Itajaí-Açu. “Essa draga realizará trabalhos de remoção de sedimentos mais superficiais, mas que proporcionarão maior segurança diante de eventuais cheias”, assinalou.
A programação seguiu com a palestra do secretário de Proteção e Defesa Civil, Rafael Marques, que trouxe um panorama histórico das inundações do Rio Tubarão, alertando sobre os sinais do rio e os avisos científicos quanto a futuros riscos. Rafael também detalhou o andamento da atualização do Plano de Contingência do Município - apresentando os possíveis locais que servirão de abrigo -, e as ações da secretaria, como a limpeza de valas e córregos e a inspeção semanal das bombas da macrodrenagem.
Após o seminário, os participantes se dirigiram à Praça Orlando Francalacci, onde ocorreu a reinauguração do Monumento às Obras de Dragagem e Retificação do Rio Tubarão, em homenagem às vítimas da Enchente de 74.
Homenagem
O evento também foi marcado por uma emocionante homenagem. Os pais e a viúva do ex-coordenador regional de Defesa Civil de Tubarão, sargento Anderson Martins Cardoso, foram chamados à frente para receber, das mãos do vereador Maurício da Silva, uma cópia do projeto de lei que denominou uma via do bairro Passo do Gado como rua Sargento Anderson Martins Cardoso.