Moradores há décadas, a professora Tânia e o hoteleiro Alexandre contam como vieram parar na Cidade Azul
Gentílicos, também chamados adjetivos pátrios, são uma classe de palavras que designa um indivíduo de acordo com o seu local de nascimento ou residência. Assim, tubaronense não é apenas aquela pessoa que nasceu em Tubarão, mas também aquela que mora na cidade e que a adotou como sua terra.
A professora Tânia Mara Soares Dornelles, de 65 anos, nasceu em Alegrete, no Rio Grande do Sul, e ainda na adolescência veio morar com a família na Cidade Azul. O ano era 1976. “Meu pai trabalhava na Eletrosul e foi transferido para cá. Não queríamos vir, até porque a cidade tinha passado pela enchente dois anos antes. Nossa expectativa era encontrar um lugar feio e ainda um pouco destruído pela enchente”, relata a docente.
No entanto, ressalta ela, foi justamente o contrário. “Nós nos surpreendemos ao encontrar a cidade reconstruída, limpa. Claro que ainda tinha muitos vestígios da enchente. E, aos poucos, fomos nos acostumando e gostando de Tubarão”, revela.
Segundo a professora, o medo na época era de que o rio Tubarão transbordasse novamente. “Logo que viemos para cá, o povo morria de medo que o rio transbordasse e nós também ficávamos apavoradas. As pessoas arrumavam tudo para sair da cidade antes de transbordar. Depois que o rio foi dragado, a população foi perdendo o medo”, lembra.
O sotaque foi a primeira estranheza sentida por ela e as irmãs. “Os colegas da escola vinham falar com a gente porque achavam diferente. Eu não os entendia porque eles falavam muito rápido. Com o tempo, fomos nos entendendo melhor”, conta.
Outra diferença, relata Tânia, era quanto à limpeza e organização do município. “Tubarão era muito limpa, os jardins das residências floridos e aqui costumavam lavar as casas no fim do ano. Nunca tinha visto isso na minha cidade. A única dificuldade era a saudade das pessoas que tínhamos deixado lá no Rio Grande do Sul”.
Tubaronense
A professora hoje se considera tubaronense. “Sou uma tubaronense por amor à cidade. Aqui constituí minha família, amigos e minha profissão. Estou aqui há 47anos, já saí duas vezes daqui, mas o sonho era voltar e voltei”.
No que se refere ao desenvolvimento, Tubarão cresceu e mudou consideravelmente. “A cultura tem mais destaque, o progresso chegou rápido, com muitos prédios, mais pontes, ruas asfaltadas e bairros valorizados. Há bastante lugares para as pessoas se divertirem, como o shopping, praças públicas para as famílias irem curtir e a cidade está cada vez mais bonita. Hoje não quero sair daqui. Sou completamente tubaronense”, acrescenta a professora Tânia.
Veio com duas malas
Com apenas duas malas de roupas, o hoteleiro Alexandre de Figueiredo Calandrine Branco, 55 anos, chegou do Rio de Janeiro (RJ) em busca de uma nova vida em Tubarão. “Saí de lá sem trabalho, sem moradia e com duas malas. Queria mudar de estado. A cidade em que morava e nasci não me ajudou muito. Cheguei aqui há 14 anos e arrumei emprego, estabeleci-me e fui candidato a vereador. Tubarão melhorou bastante nos últimos anos e, claro, tem muito ainda a caminhar e melhorar”, conta.