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Mosquito da febre amarela é identificado no estado

Estudo da bióloga Sabrina Cardoso, de Tubarão, confirma presença do vetor

12/12/2025 06:00|Por Redação

Uma pesquisa da Ufsc liderada pela bióloga Sabrina Fernandes Cardoso, de Tubarão, confirmou pela primeira vez a presença do mosquito Haemagogus leucocelaenus em áreas de mata de cinco municípios catarinenses. O inseto é o principal transmissor da febre amarela silvestre e sua identificação no estado reforça a importância da vacinação, recomendada em Santa Catarina desde 2018 pelo SUS.

A descoberta, que integra o doutorado de Sabrina, muda o cenário da vigilância em saúde no estado. Servidora da Diretoria de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde, ela explica que o achado deve servir como alerta. “É uma bomba-relógio. Nós já vivemos uma situação grave com o Aedes aegypti. Se uma pessoa for picada por esse mosquito da mata, voltar doente para a cidade e então for picada pelo Aedes, existe todo o risco de reativarmos o ciclo urbano da doença”, afirma.

A febre amarela é uma infecção viral grave e, no Brasil, todos os casos confirmados desde 1942 decorrem do ciclo silvestre. Entre 2019 e 2021, Santa Catarina registrou 27 casos e oito mortes. Em 2022, houve apenas um caso, importado de outro estado. Justamente por isso, a confirmação da presença do vetor em território catarinense aumenta a atenção das autoridades.

A investigação de Sabrina começou após a confirmação de mortes de macacos em áreas de mata de Santa Rosa de Lima, Rio Fortuna, Braço do Norte, São Martinho e Pedras Grandes, durante o surto de febre amarela de 2021.

 

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“Sempre que há morte de primatas, abrimos investigação. Como havia circulação do vírus, decidimos capturar os mosquitos para saber quem estava transmitindo a doença”, explica.

Riscos   

Sabrina reforça que a presença do mosquito significa risco real de circulação do vírus, especialmente para quem vive perto das áreas de mata. “As comunidades rurais ficam na ‘borda da mata’, onde esses insetos chegam para se alimentar. A vacinação é fundamental”, diz. 

As mudanças climáticas, com ocorrência de precipitações e ondas de calor mais intensas, também podem favorecer o surgimento de novos ciclos da febre amarela. Além da vacina, Sabrina recomenda repelente, especialmente para quem circula por áreas rurais e de floresta.

Reconhecimento internacional

Os resultados da pesquisa levaram à publicação do artigo na revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz. O trabalho também foi indexado na National Library of Medicine, a maior biblioteca médica do mundo, e tem Sabrina como autora principal ao lado de outros cinco pesquisadores.

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