Pesquisa aponta que rios, como o Tubarão, são vetores de poluição marinha
Os rios catarinenses, como acontece com quase todos os rios do planeta, transportam microplásticos até o Oceano Atlântico, contaminando os organismos que vivem na costa, como peixes e ostras.
A constatação é de pesquisadores da Ufsc, que detectaram microplásticos em 49% dos peixes de uma amostra capturada em Garopaba, assim como em ostras produzidas nas baías Norte e Sul da Ilha de Santa Catarina.
A informação foi divulgada pelo engenheiro Igor Marcon Belli, pesquisador do Laboratório de Pesquisas em Resíduos Sólidos (Lareso), da Ufsc, durante palestra sobre “Poluição marinha e os seus desafios”, promovida pela Coordenadoria de Sustentabilidade e Acessibilidade (CSA), da Alesc, e que aconteceu no Plenarinho.
Segundo Marcon, os resíduos plásticos dispersos no litoral catarinense pelo rio Itajaí podem ser encontrados nas baías da capital, mas também no litoral gaúcho e paranaense. Outros rios, como o Tubarão, também estão contribuindo para a dispersão de microplásticos no oceano.
“As pesquisas indicam que os microplásticos produzem efeitos tóxicos nos organismos, o polietileno causa efeitos oxidativos nas células, afeta a morfologia, a reprodução e a mobilidade, e esses efeitos são passados às gerações seguintes”, detalhou Marcon.
Lixo nos oceanos
Atualmente, de acordo com o pesquisador, são geradas mais de 350 milhões de toneladas de plásticos por ano, sendo que 0,5% vão acabar nos oceanos, o que equivale a dois mil caminhões de lixo jogados nos oceanos todos os dias.
Marcon destacou que as pessoas consomem cerca de 5 g de plásticos por semana, através da alimentação e da água, que, mesmo tratada, não está 100% livre dos resíduos plásticos.
O pesquisador garantiu que os microplásticos já são responsáveis pela morte de pinguins e de aves e que as partículas acabam se transformando em vetores biológicos e químicos (agrotóxicos) e já foram encontrados no cérebro, útero e sangue humanos.
Projeto no Senado
O pesquisador da UFSC informou que tramita no Senado Federal um projeto de lei que considera todo o ciclo de vida do plástico — desde a extração, o refino, a manufatura, a incineração, a reciclagem e o descarte em aterros sanitários. O projeto também leva em conta a logística reversa, o design dos plásticos para facilitar a reciclagem e o incentivo aos catadores.