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A reunião liderada pelo governador Jorginho Mello em Florianópolis, que colocou à mesa os quatro estados que formam o Codesul (Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul) e que, juntos, representam quase 20% do PIB brasileiro, acende uma nova esperança para o setor ferroviário na Região Sul do Brasil.
Quem vive e estuda o setor ferroviário no seu dia a dia constata duas grandes certezas:
A primeira é que, se cada estado resolver discutir individualmente o seu próprio projeto ferroviário, é certo que nenhum avanço significativo será alcançado para fazer frente ao iminente colapso logístico rodoviário que já vivemos e que compromete fortemente o desenvolvimento socioeconômico de toda a região.
A outra é que, se estes estados não se unirem e se levantarem, se não usarem sua força política e pujança econômica para exigirem ser ouvidos na definição das políticas e estratégias públicas do país para o setor ferroviário, muito especialmente quando se trata da nossa MALHA SUL, é certeiro afirmar que isso representará um atraso nas suas políticas de desenvolvimento, provocado pela ineficiência logística multimodal que já é vista a olhos nus.
Santa Catarina tem seis portos navegáveis. Ainda em 2025 entrará em operação o seu sétimo porto, com capacidade instalada para mais 8 milhões de toneladas/ano. E, nos próximos cinco anos, pelo menos três projetos de novos portos privados no estado de Santa Catarina estão em desenvolvimento. Alguns já em fase de licenciamento ambiental.
Acontece que, sem uma solução multimodal (rodovias e ferrovias) para absorver o trânsito destas cargas, estes portos perdem a produtividade e a eficiência almejada, não obstante o risco de alguns destes projetos serem abandonados ou, no mínimo, adormecidos até que uma solução efetiva se apresente.
Se nos apoiarmos nos exemplos dos países mais desenvolvidos no mundo, é inaceitável a desculpa de que um projeto ferroviário não pode prosperar por uma simples inviabilidade econômica, pois em todos estes países chamados de “primeiro mundo” os projetos ferroviários são fortemente subsidiados.
Por lá, não se leva em consideração apenas o lucro pontual do projeto em si, mas fundamentalmente a segurança logística para o desenvolvimento sustentável dos seus povos.
Por isto, se pode afirmar que, se a visão for ESTADISTA e não apenas GOVERNISTA, a solução é totalmente possível e inevitável.