Sexta-feira, 05 de dezembro de 2025
Fechar [x]

Artigo: Entre o Saber e o Ser

Artigo

14/10/2025 06:00|Por Felipe Felisbino - Professor

Em tempos de pressa, algoritmos e respostas automáticas, o ato de ensinar com consciência continua sendo uma das formas mais profundas de resistência humana. Não por heroísmo, nem por sacrifício, mas por convicção. Ser professor é reafirmar diariamente que a formação de um ser humano não se mede em desempenho, e sim em sentido.

O professor não precisa ser mitificado nem lamentado. A docência não se sustenta em discursos de carência, mas em consciência. A força do professor está na capacidade de provocar pensamento, abrir horizontes, gerar diálogo e inspirar responsabilidade. É um ofício que exige preparo técnico, maturidade emocional e, sobretudo, lucidez ética.

Há, porém, um equívoco crescente em confundir o ser professor com o estar professor. Muitos ingressam na docência por facilidade de acesso, sem formação sólida ou verdadeira disposição para o magistério, tratados, por vezes, como “a sobra de oportunidades” de outras opções profissionais. Essa superficialidade cobra um preço alto, forma-se quem ensina sem saber, e desmotiva-se quem aprende sem ser inspirado. O professor, que apenas ocupa o cargo, repete conteúdos; o que verdadeiramente é professor, ensina o que sabe e aprende com o que ensina. Sua prática é viva, dialógica, formadora: um ato de consciência e compromisso.

 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Numa sociedade que valoriza o “ter” mais do que o “SER”, o professor ensina o contrário, mesmo quando ninguém pede. Ele faz despertar no estudante que a dúvida é mais fértil do que a certeza, que o respeito é base do conhecimento e que aprender é um ato de humildade. Como facilitador/mediador, o docente deve saber que o conhecimento é um vir-a-ser sempre: incompleto, inacabado e por isso mesmo é instigante.

Ensinar, nesse sentido, não é um emprego, é uma forma de conectar-se com o mundo. Celebrar o Dia do Professor, portanto, não é repetir que falta reconhecimento, mas reconhecer a responsabilidade que há em ensinar. O bom professor não se define pelo tempo de serviço, mas pela coerência entre o que sabe, o que diz, o que pratica e o que busca.

Porque, no fim, o que sustenta a educação não é o currículo, nem a tecnologia, é a presença consciente de quem ensina e aprende com a mesma intensidade. E, aqui, não cabe faz de conta. 

Parabéns ao professor que tem essa consciência, bem como a todos que  estão em busca de si mesmo e do outro.

Quer receber notícias de Tubarão e região? Clique aqui.
Diário do Sul
Demand Tecnologia

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a nossa Política de Privacidade. FECHAR