Morador de Braço do Norte, Rogério conta como foi ser o primeiro a ter a doença
Há cinco anos, um vírus ainda praticamente desconhecido mudaria a vida de milhões de pessoas em todo o mundo. A covid-19 chegou ao Brasil em março de 2020 e, na região, o primeiro caso da doença, que ninguém conhecia e não sabia como lidar, foi confirmado naquele mesmo mês e ano.
Rogério Koch Martins, de Braço do Norte, havia chegado de uma viagem à Europa e veria sua vida virar de cabeça para baixo em poucos dias. Ele conta que começou a sentir náuseas, fortes dores de cabeça e fraqueza. Foi então para o hospital em Braço do Norte. A data era 15 de março e ele recebeu o diagnóstico temido por todos: estava com covid-19. Aos 52 anos na época, Rogério diz que tudo foi muito assustador.
“Ninguém sabia praticamente nada da doença, nem como tratá-la. E o pior: o que se sabia é que ela poderia ser fatal e bastante contagiosa. Por precaução, me transferiram para o hospital de Içara, onde havia vaga na UTI, para que eu pudesse receber cuidados intensivos e também ficar em isolamento”, conta. Esse era o protocolo. “Eu me sentia tão mal que entreguei minha vida a Deus. Sabia que poderia morrer, o diagnóstico era quase uma sentença de morte”, revela.
Atendimento
O caso de Rogério não era considerado grave, porém, por precaução, ele foi isolado na UTI, já que era o primeiro caso e ainda não se tinha muita informação. A recuperação foi bem-sucedida também, segundo os médicos da época, pois, ao sinal dos primeiros sintomas, ele procurou ajuda médica.
“Graças a Deus, minha mulher só teve os sintomas leves e meus filhos não pegaram a covid-19, mas todos ficaram em isolamento”, lembra.
Após recuperação, as sequelas e a superação
Após uma internação de cinco dias, Rogério Koch Martins teve alta. A doença não teve um agravamento maior, mas deixou sequelas significativas, tanto físicas quanto psicológicas. Ao deixar o hospital, o tratamento continuou em casa, pois ele teve problemas respiratórios e ficou muito fraco.
Hoje, aos 57 anos de idade, ele diz que o corpo não é mais o mesmo; sente cansaço frequente e medo. Uma doença cardíaca que surgiu após a covid-19 foi a sequela mais significativa, porque por pouco ele não teve um infarto. “Fui ao médico para um check-up e descobriram que estava com 95% do meu coração comprometido, com três veias entupidas. Nunca tive problemas cardíacos. Fui para uma cirurgia de urgência e ainda estou me recuperando do susto. Tudo por conta de uma doença que invadiu o mundo e matou milhões de pessoas”, emociona-se.
A fé o ajudou muito a enfrentar o período turbulento, e a chegada da vacina contra a covid-19 foi uma grande alegria. “Tomei todas as doses e, se precisar, tomarei quantas vezes forem necessárias. Nunca mais quero sentir o que senti”, garante.
Apoio
A esposa de Rogério, Laila Cristina Kindermann Martins, lembra o quão difícil foi passar por toda a situação, tanto da doença quanto de ver seu marido sendo o primeiro caso de covid-19 em toda a região.
“Passamos uma situação muito complicada. Nossa família foi bastante hostilizada pelas pessoas. Isso foi muito difícil. Mas não perdemos a fé em Deus. Tivemos muito apoio de pessoas especiais. Hoje só temos a agradecer por estarmos aqui, por termos passado por isso tudo, juntos e bem”, conclui.
Números que cresceram de forma avassaladora
Do primeiro caso confirmado naquele 15 de março de 2020 na região, os números começaram a crescer em progressão geométrica. Naquele mesmo ano, 38.079 pessoas foram diagnosticadas com covid-10. Destas, 461 morreram. A média de aproximadamente 34 mil casos por ano seguiu até 2022.
A vacina contra a covid-19 chegou em 2021 e a partir de 2023 os números começaram a cair, passando para 2.944 e 61 óbitos. No ano passado, foi para 2.202, com 16 mortes. E neste ano, são 103 os diagnosticados com a doença na região. Ao todo, nestes cinco anos, a região teve 111.587 casos confirmados e 1.508 mortes.
Segundo Juliana Genovez Muniz, coordenadora de Covid-19 na Regional de Saúde de Tubarão, os números mostram que a vacina foi fundamental para o fim da pandemia, mas a doença ainda existe e os cuidados devem permanecer.
O então secretário de Saúde de Tubarão durante a pandemia, Daisson Trevisol, que foi também presidente do Cosems (Conselho dos Secretários Municipais de Saúde) e diretor do Conselho Nacional, lembra do período difícil nos primeiros anos. “Eram muitas as decisões a serem tomadas a respeito de todas as ações necessárias. Foram momentos delicados, pois tínhamos que tomar decisões de algo que não se tinha certeza, mas acredito que fizemos o melhor possível dentro das limitações que tínhamos. Agora estamos numa fase mais tranquila, mas as pessoas ainda precisam tomar as vacinas necessárias”.