Artigo
A crise na aprendizagem é anterior à pandemia de covid-19. Os investimentos na educação aumentam, segundo o Tribunal de Contas, mas a aprendizagem dos estudantes não avança no Ideb e no Pisa.
Esta crise foi agravada, no ano de 2020, quando as escolas foram fechadas para evitar o vírus. O ensino remoto escancarou e aumentou as desigualdades de oportunidades educacionais. Reduziu danos na aprendizagem dos estudantes que contaram com internet e ajuda das famílias, mas não ajudou os que não tinham estas possibilidades. Eles não aprenderam o previsto e esqueceram o que tinham aprendido, além de serem fortemente impactados pela ansiedade e pela depressão, fruto do isolamento social, possíveis violências, perda de pessoas próximas e da renda da família.
Não consolidaram aprendizagens estruturantes (ler, escrever, interpretar textos e resolver problemas com as operações básicas da matemática). Os que tinham 6 e 7 anos e que não sabiam ler e escrever, saltaram de 28,2%, em 2012 (antes da pandemia), para 40,1%, em 2022 (durante a pandemia), segundo o IBGE.
Os analfabetos funcionais, segundo o Inaf 2025, são 43% dos que concluem o ensino fundamental, 17% dos que se formam no Ensino Médio e 12% dos diplomados no curso superior.
Quem não compreende o que lê, não compreende, também, conceitos fundamentais dos demais componentes curriculares, como matemática, ciências etc.
Estudantes precisam ser alfabetizados na idade certa ou na série ou ano escolar em que se encontram. Ou serão reprovados e abandonarão a escola, com custos para a sociedade quatro vezes maiores do que se permanecessem estudando (Inpser). Mas permanecer na escola, sem aprendizado, apenas protela a reprovação, o abandono e os prejuízos (ISSN 2175-9162).
Esta é a ‘receita’ que mantém o Brasil desigual, pobre, violento e com baixíssima produtividade.
Mas estudantes que aprendem os conteúdos estruturantes e munidos de ferramentas digitais ou impressas, aprendem, também, o que quiserem e quando precisarem.
Isso demanda reescrever a escola para recompor aprendizagens. Foi o que fizemos no ensino municipal de Tubarão por meio do projeto “Sucesso Na Escola, Na Vida E No Trabalho”.
O resultado? Crescimento no Ideb Real 2021 e 2023, mesmo com as agruras da pandemia e após quedas sucessivas nas edições 2017 e 2019, quando não havia pandemia.