Quarta-feira, 21 de maio de 2025
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JOSÉ WARMUTH

25/04/2025 06:00

A RESSURREIÇÃO DOS INVENTORES

Imaginemos que alguns dos mais notáveis inventores já falecidos voltassem à vida entre nós e fossem dar uma olhadela no estado atual do seus inventos. 

Como reagiria Alberto Santos Dumont, que, em meio a uma crise depressiva, ao saber do uso de seu invento na guerra, cometeu suicídio, ao vê-lo voar sem hélices (!) a velocidades supersônicas, levando centenas de pessoas em viagens transoceânicas, podendo pousar sem a intervenção do piloto, ou até mesmo voar sem um deles, guiado por controle remoto? O fato de que os que se seguiram ao seu 14-Bis, hoje propelidos a jato, continuarem a ser usados para a guerra, levá-lo-ia novamente ao suicídio? 

Quão decepcionado ficaria Christopher Sholes ao constatar que, após a sua máquina de escrever ter obtido um grande desenvolvimento até chegar ao modelo eletrônico, está, na atualidade, praticamente substituída pelas impressoras  dos microcomputadores. Um consolo teria: o teclado desta maravilha eletrônica é quase igual àquele do seu tempo, com o seu arranjo conhecido por QWERT.

Que espanto causaria a Henry Ford, criador da linha de  montagem em série, do seu famoso Ford Modelo T, ao observar robôs, ao invés de gente, montando bólidos dotados de freios ABS, ar condicionado, direção hidráulica e câmbio automático!

Já Thomas Edison ficaria, por certo, envaidecido ao constatar que, basicamente, o seu invento continua, salvo pequenos melhoramentos, a ser tal qual como ele o inventou. Ficaria, certamente, encantado com as lâmpadas fluorescentes, a vapores de sódio e de mercúrio e com a aplicação da sua lâmpada em sealed beams nos faróis de veículos terrestres, aéreos e aquáticos, e literalmente emocionado ao contemplar a feérica iluminação de Las Vegas, à noite.

E qual não seria o deslumbramento do casal Curie e de Roentgen ao entrarem em um moderno centro médico para verem as incríveis máquinas de tomografia computadorizada e de ressonância magnética que ainda, na atualidade, empregam o RX, fruto de sua descoberta e uso inicial.

Imagine-se o encantamento  dos irmãos Lumière ao assistirem um filme colorido, com som estereofônico e com cenas inacreditáveis produzidas por meio da computação gráfica. Como reagiriam assistindo a um filme  de sexo explícito, com tomadas superaproximadas por meio de poderosos zooms.

Graham Bell ficaria, certamente,  maravilhado com os minúsculos telefones celulares, com múltiplas funções, entre as quais a da identificação de chamadas e a memória, a captação da internet e registro fotográfico,  capazes de entrar em contato, por meio de satélites, com interlocutores em qualquer canto do mundo!

George Stephenson, considerado o criador da locomotiva a vapor, seria certamente tomado de indescritível emoção ao embarcar em um moderno trem de metrô ou num TGV, trem de grande velocidade, que, de tão rápido,  tem que desacelerar ao entrar em um túnel, para não sofrer engavetamento. 

Insuspeitados, para sua época, os incríveis avanços alcançados pela ciência e pela tecnologia, acontecidos principalmente na segunda metade do século XX, modificaram, por vezes, radicalmente, as suas invenções.

Mas para todo o sempre, lembrar-nos-emos de suas venerandas e imortais figuras, que deram o primeiro passo, deixando-nos como legado muito do conforto, do entretenimento e da segurança dos quais desfrutamos na nossa existência, já no século XXI.

Diário do Sul
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