Estávamos a caminho da Austrália e da Nova Zelândia, pela rota do Atlântico. Uma viagem direta até lá seria massacrante, pois trinta e uma horas de vôo são demais para um ser humano comum aturar, pela claustrofobia e impaciência que causam. Por isso, a estratégia usada é a de parar na África do Sul, no meio do caminho, e ali descansar e poder conhecer o país. Também o avião não tem autonomia para um vôo direto.
Curtimos muito a Cidade do Cabo, flanqueada pela montanha Mesa, que tem mesmo este formato e de onde se pode ver a cidade e seus arredores.
O mar estava totalmente coberto por denso nevoeiro, não havendo qualquer aragem. Uma verdadeira calmaria, como contam os livros de história, e ficamos imaginando pelo que passaram os portugueses há 500 anos atrás, em suas frágeis caravelas que mais pareciam cascas de nozes, aventurados por aqueles mares, guiados apenas pelo astrolábio e temerosos de que o oceano acabasse de repente por um abismo, como se supunha na época.
Fomos então a um lugar histórico e significativo: o antigo Cabo das Tormentas, hoje Cabo da Boa Esperança. Chega-se até a ponta de um enorme e alto rochedo e então se têm, à direita, o oceano Atlântico, e à esquerda, o oceano Indico. Uma fantástica experiência!
A atração seguinte seria uma excursão com pernoite no Mabula Park:
Trata-se de um parque ecológico bem no meio da savana bem preservada e onde a fauna transita livremente em seu habitat natural.
Os apartamentos do hotel estão em choças espalhadas dentro da vegetação, dispostas em círculo em torno do edifício central e restaurante. Uma verdadeira taba.
O batucar de um tambor anuncia o café da manhã.
A caminho deste parque, passamos pelo famoso Hospital Groote Schuur, onde Christian Barnard executou o primeiro transplante de coração no mundo.
No parque, fizemos um safári a bordo do tradicional Land Rover, equipado por nativos em bermudas, meias soquete e chapéu de explorador inglês. Pudemos então ver elefantes, girafas, rinocerontes e a lagoa onde deviam estar as pítons (as jibóias de lá).
Após o jantar e depois de assistir a um show folclórico levado à cena pelos próprios empregados do hotel, recolhemo-nos para a nossa cabana.
Ao amanhecer, comecei a ouvir, na janela da varanda, ruídos de algum animal raspando as palhas da choça, como que querendo entrar no aposento.
Arrepiado, dirigi-me, na direção da janela, com todo o cuidado, com um misto de curiosidade e de medo, munido de minha câmara fotográfica, imaginando ser um gorila ou um tigre, quando ouvi um sonoro “miau” ...
A fera era um simpático e inofensivo gatinho angorá.